Hoje é dia: 19 de maio, 2024

Abandonada, Santa Casa de Campo Grande se afunda em dívidas

Dona de uma dívida que cresce a cada ano que passa, a Santa Casa de Campo Grande hoje enfrenta um verdadeiro abandono. Com déficit de funcionários, falta de leitos suficientes e adequados, falta de medicamentos e insumos, bem como a renúncia de seu último presidente, o hospital acumula dívida que atingiu os R$ 290,554 milhões no ano passado. Conforme balanço financeiro da instituição, nos últimos quatro anos, o saldo negativo cresceu 90%.

O grande detalhe é que mesmo a Santa Casa recebendo verba milionária repassada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ainda assim ela fechou 2019 com aumento de 66% em sua dívida. Sabe aquela situação em que a conta não fecha? Pois é…

O balanço financeiro da Santa Casa demonstra que as contas da instituição ficam piores a cada ano e o resultado do saldo negativo é a ruína do maior hospital do Centro-Oeste e referência no atendimento de alta complexidade em Mato Grosso do Sul.

Consta no balanço financeiro que em 2018 o déficit do hospital era de R$ 37,582 milhões, mas essa conta não só continuou no vermelho em 2019 como registrou aumento de 66%, passando para um déficit de R$ 62,602 milhões. De 2018 para 2019, as despesas da instituição aumentaram de R$ 382,5 milhões para R$ 421,990 milhões (10,3%), enquanto a receita subiu de R$ 344,9 milhões para R$ 359,388 milhões, ou seja, 4,18%.

Já virou hábito reclamar que os repasses do SUS são insuficientes para manter os gastos da Santa Casa. Todavia, o valor proveniente do Sistema Único de Saúde corresponde a 77,7% da receita total da instituição. Já pensou o que seria do hospital se não fosse esse recurso?

Para se ter uma ideia, o SUS repassou R$ 270,2 milhões para o hospital em 2018 e R$ 279,4 milhões no ano seguinte, o que representa uma alta de 3,3%. Por outro lado, a receita proveniente de atendimentos particulares caiu de R$ 60,1 milhões para R$ 55 milhões.

O caos só não foi completo porque a instituição registrou aumento de 51% nas doações, que passaram de R$ 6,999 milhões para R$ 10,624 milhões, e de 47% nos convênios, que subiram de R$ 7,5 milhões para R$ 14,3 milhões.

A Santa Casa registrou aumento de gastos com serviços terceirizados, que não foram detalhados no balanço. Já os empréstimos dos últimos quatro anos somam R$ 215 milhões e contribuem – e muito – para deixar o cenário ainda mais preocupantemente endividado.

Em quatro anos, a dívida da Santa Casa acumulou aumento de 90%, já que em 2016 o hospital devia R$ 152,9 milhões e esse valor chegou a R$ 290,5 milhões no dia 31 de dezembro de 2019.

Enquanto funcionários e pacientes padecem com a falta de estrutura e medicação, no ano passado um fato gerou bastante polêmica: a compra de um carro de luxo, avaliado em mais de R$ 100 mil, com o dinheiro arrecadado pela Associação Amigos da Santa Casa.

Trocas de comando

Em março deste ano Esacheu Nascimento renunciou ao mandato de presidente da Associação Beneficente – gestora do hospital – para concorrer ao cargo de prefeito de Campo Grande e, diante da situação, o economista e contador, Heber Xavier, assumiu o comando.

Considerado técnico, Heber chegou a restringir o atendimento no hospital em razão da superlotação no pronto-socorro e por falta de medicamentos e insumos. Dias depois, alegou problemas pessoais e renunciou ao cargo junto com o diretor-adjunto de Finanças, José de Oliveira Souza. Por fim, quem assumiu a presidência foi o auditor Heitor Freire.

A situação é desesperadora porque, enquanto a Santa Casa se afunda em dívidas e sua administração é incerta, os funcionários precisam de estrutura adequada para trabalhar e os pacientes necessitam de atendimento especializado, humano e digno.

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