Hoje é dia: 19 de maio, 2024

Eleições 2020 devem ser marcadas pelo alto índice de abstenção

Se as previsões estiverem certas, o Brasil poderá ter na disputa eleitoral deste ano uma das maiores abstenções da história. E, motivo é o que não irá faltar para justificar as chances reais de as eleições municipais serem marcadas pela ausência dos eleitores. Além de desanimados e desinteressados, os cidadãos também temem o risco de contaminação pelo novo coronavírus.

A primeira avaliação que o cidadão faz é com relação as consequências que terá que arcar caso resolva não comparecer ao local de votação, tanto no primeiro quanto no segundo turno, respectivamente marcados para os dias 15 e 29 de novembro.

Neste momento ele já chega à conclusão de que é “vantagem” deixar as eleições de lado e priorizar outra coisa mais prazerosa, como o lazer, por exemplo. Ocorre que a multa para quem não quer votar tem um valor muito baixo, praticamente simbólico, dando até a impressão de que o voto no Brasil não é obrigatório.

Ao invés de remarcar ou cancelar aquele passeio no final de semana, o eleitor simplesmente escolhe não votar e depois ir até a sede da Justiça Eleitoral local para pagar a multa irrisória, que é de R$ 3,51 por turno perdido.

Mas se o eleitor quiser economizar esse valor, ele pode justificar sua ausência. Desta forma, não precisará pagar a multa e não terá seu título de eleitor cancelado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A falta de interesse pela política é outro fator que deve motivar a ausência dos eleitores no dia da votação. Muitos consideram o assunto chato e vinculam o tema a falta de caráter de alguns políticos.

Por falar em políticos, a decepção dos cidadãos com os incontáveis casos de corrupção também é levada em consideração na hora de tomar a decisão de não votar.

Essa decepção leva a um desânimo tão grande que no dia das eleições os eleitores preferem viajar, pescar, passear, fazer festa, encontrar os amigos, os parentes ou simplesmente ficar em casa fazendo absolutamente nada.

Medo de contágio

A grande maioria dos eleitores que cogitam a possibilidade de se absterem no próximo dia 15 de novembro por conta da Covid-19 garantem que não se sentem seguros para irem aos locais de votação, apesar do anúncio de que as medidas de biossegurança serão rigorosamente cumpridas.

Sendo assim, a pandemia fortalece os motivos listados pelos eleitores para justificar a possível ausência nas urnas. Certamente, essa justificativa será utilizada por muitos eleitores, independentemente da idade. Porém, os mais velhos se apegarão a essa “desculpa” com afinco.

Os idosos, que por si sós já são considerados do grupo de risco, terão um motivo plausível para não votar. Já os eleitores diagnosticados com hipertensão, diabetes e problemas respiratórios também não perderão a oportunidade de se aproveitar dessa manobra.

Por fim – e não menos importante – tem ainda a questão da enorme quantidade de candidatos aos cargos políticos. Parece que virou moda ser político e agora todos querem ocupar a cadeira de parlamentar ou de administrador da máquina pública.

Sendo assim, o leitor tem a sua disposição um leque tão grande, mas tão grande de opções que acaba optando em não perder seu precioso tempo conhecendo, conversando, selecionando, comparando e escolhendo aquele candidato que melhor representa seus objetivos, interesses e ideais.

Candidato enfrenta desafio de convencer eleitor a votar

Neste ano, os candidatos a vereador e a prefeito têm um grande desafio pela frente porque o eleitor não tem só que ser convencido a votar em um candidato específico, ele simplesmente tem que ser convencido comparecer e votar.

Outro fator preocupante é o perfil dos eleitores que pretendem se abster porque, se for concentrado em segmentos da população com tendência de apoio a determinado candidato, o fenômeno pode fazer a diferença em uma disputa que eventualmente se desenhe de forma mais acirrada.

Pesquisas apontam que, de uma maneira geral, os cidadãos que cogitam a possibilidade de faltarem ao pleito são os que têm até 44 anos de idade, os que estudaram até o ensino fundamental ou ensino médio e os que têm renda familiar de até cinco salários mínimos.

Ainda segundo levantamento, os que se dizem petistas são os que mais cogitam a possibilidade de faltarem à eleição e são os que se sentem mais inseguros diante da pandemia do novo coronavírus.

Sendo assim, a abstenção pode se tornar um adversário extra para muitos candidatos que tentam uma vaga na Prefeitura ou na Câmara Municipal.

No geral, ainda falta comunicação mais efetiva e adequada por parte das autoridades sanitárias e eleitorais para que a população de fato se convença de que os protocolos de biossegurança serão adotados no dia das eleições para reduzir as chances de contágio pelo novo coronavírus.

Caso essa comunicação não seja aprimorada, a hipótese mais provável é a de que o universo de eleitores em boa parte das cidades, incluindo as de Mato Grosso do Sul, será reduzido, uma vez que o processo eleitoral terá que contar apenas com a pré-disposição do indivíduo em participar ou não desse ato tão importante e democrático.

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