Hoje é dia: 20 de setembro, 2024

Trutis inventa atentado para conseguir porte de arma

Forjar um atentado à bala no meio da rodovia só para viabilizar seu porte de arma de fogo é muita insanidade, não é mesmo? Não é possível que uma pessoa com essa capacidade tenha qualquer condição psicológica e profissional de representar os interesses da população sul-mato-grossense em Brasília.

Investigação minuciosa realizada pela Polícia Federal (PF) resultou num detalhado relatório de 293 páginas sobre o suposto atentado sofrido pelo deputado federal Loester Trutis e seu assessor Ciro Fidelis.

Toda a documentação levantada pela PF foi encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi apreciada pela ministra Rosa Weber.

Ao analisar os fatos, a ministra Rosa Weber menciona que “forçar situação para ser capitalizada politicamente em defesa do porte de arma foi a motivação para o ataque simulado”.

Durante a investigação, policiais percorreram o caminho descrito por Trutis e Ciro no suposto atentado de 16 de fevereiro de 2020, na BR-060. A conclusão foi de que o parlamentar sequer chegou a ser perseguido e tudo não passou de uma versão fantasiosa e inventada para garantir interesses particulares.

Quem costuma perder seu precioso tempo acompanhando o deputado federal nas redes sociais sabe que o figurão adora publicar fotos exibindo armas de fogo de diversos calibres.

O problema é que ele dá um péssimo exemplo, já que não tem autorização para portar as armas que ostenta, até mesmo porque algumas delas são de uso restrito de forças policiais. Inclusive, portar arma de uso restrito foi o que motivou a prisão de Trutis no dia 11 de novembro durante Operação Tracker, deflagrada pela PF para investigar o atentado inventado.

Para justificar o pedido de autorização para portar arma de fogo, o parlamentar resolveu inventar que corria risco de morte. Tanto é verdade que mentiu para a polícia ao descrever que estava em um veículo Corolla, preto, quando foi perseguido por caminhonete L200, azul, de onde foram efetuados disparos contra ele e seu assessor.

Agentes da Polícia Federal percorreram parte do trajeto narrado por Trutis e não encontraram testemunhas ou imagens de câmeras de segurança que pudessem validar a suposta perseguição.

Policiais, inclusive, analisaram o momento em que Trutis desembarcou no Aeroporto Internacional de Campo Grande – três dias antes do suposto atentado – e não identificaram ninguém monitorando os passos do deputado federal.

Depois de analisar imagens de câmeras de segurança de farmácia, posto de combustível e oficina mecânica, os agentes relataram que “não foi observado nenhum outro veículo acompanhando/seguindo tal carro”.

Em depoimento, motoristas que cruzaram com Trutis e Ciro na madrugada do suposto atentado foram unânimes ao afirmar que nada de atípico aconteceu naquele dia.

“Portanto, para que o atentado ocorresse, é imprescindível que o parlamentar estivesse sendo monitorado e acompanhado, sofrendo vigilância. Analisadas todas as câmeras de vigilância presentes no trajeto realizado pelas supostas vítimas, não foram identificados veículos em acompanhamento”, concluiu a PF.

Ainda segundo a polícia, Trutis estava sentado no banco traseiro do Corolla e, caso o atentado realmente tivesse acontecido, “apenas em uma situação muito específica, com o primeiro disparo atingindo o porta-malas, o ocupante do banco traseiro sairia ileso da ação”.

Agentes não encontraram o veículo descrito por Trutis e Ciro. Aliás, o carro que mais se aproxima das informações fornecidas pelas supostas vítimas é “bastante antigo e encontra-se deteriorado, sem condições mecânicas razoáveis para ser utilizado em um atentado”.

Por fim, conforme a polícia, o parlamentar e seu assessor contaram “narrativas fantasiosas e adotaram os mais diversos meios para atrapalhar as investigações e inovar nos fatos” e, como consequência forneceram “provas suficientes da materialidade dos crimes de comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e dano”. Ou seja, Trutis e Ciro que antes eram vítimas, agora figuram como autores de crimes.

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