Hoje é dia: 20 de setembro, 2024

Educação 2.0

O ensino como forma unificada de transmissão de conhecimento, independente das características de cada aluno, parece estar com os dias contatos. Nada mais de ensinar de um único jeito para alunos distintos. Essa é a proposta da Santillana, empresa espanhola de produção de matérias didáticos em parceria com a norte-americana Knewton, empresa de criação de plataformas digitais para ensino. A proposta é implementar um “aprendizado adaptativo” por meio de toda a tecnologia online disponível para individualizar o ensino a cada estudante. Uma proposta ambiciosa, que pretende abarcar toda Espanha e America Latina até o final de 2015.

“A transição do papel para o digital é única em toda a história. A grande mudança agora é que esse conteúdo será diferente para cada aluno desde o primeiro contato”, afirmou José Ferreira, CEO de Knewton, em nota ao jornal espanhol El País.

Para alcançar esse objetivo o projeto utilizará todo o potencial da Internet e do Big Data – que acumulará todo o histórico do aluno permitindo conhecer seus talentos e fraquezas e definir um plano de ensino que melhor se adapte a ele. E com o auxílio de ferramentas de análises em rede proporcionará um conhecimento para o melhor caminho profissional e educativo desse aluno. Ou seja, a personalização passa ser a chave de todo o projeto educacional. De acordo com Manuela Lara, diretora de projetos da Santillana, a matemática foi a matéria escolhida para dar início ao projeto. “É onde os alunos mais fracassam, tanto na Espanha quanto na America Latina”, diz.

No entanto, esse modelo segue tendo como pilar principal o professor. “A efetividade desse modelo dependerá da capacidade dele se adaptar, já que a enorme quantidade de dados que proveem desse sistema traz muito mais detalhes”, diz Ferreira. “Por exemplo, o programa dirá a ele que: nessa semana foram explicados 32 conceitos. O aluno assimilou 27. Estes são os cinco que merecem reforço. Ou, este aluno é muito esperto e está aprendendo sem problemas, porém, está se esforçando ao limite”, explica Manuela Clara, sobre o quanto acessível e didático é a ferramenta para os professores.

A nova proposta de ensino já começa a apresentar boa aceitação entre os docentes. Segundo uma pesquisa realizada pela Santillana entre professores que fizeram alguns testes com a plataforma, 82% dos consultados acredita que a porcentagem de alunos aprovados na matéria aumentaria em 10%.

Se tudo correr bem, os pais já podem preparar um espaço em seus smartphones, ou em seus wearables, para um app educacional digital.  Ferreira simula uma típica situação: “O aplicativo te envia um alerta: Sua filha é melhor em matemática do que você imagina. Mas tem um problema de confiança. Como foi detectado? O programa lhe fez uma pergunta difícil, que só 15% dos alunos responderam. Ela falhou. Após outra série de perguntas fizemos a mesma questão, só que de maneira distinta. Ela acertou. Ou seja, ela está no grupo dos 15% que acertaram, mas lhe falta confiança”.

A tecnologia como ferramenta educativa já não é mais questionável. Videojogos e outros passatempos têm auxiliado, há um bom tempo, o desenvolvimento de nossas habilidades e seduzido nossa fome por conhecimento. A novidade aqui, no entanto, abre espaço para um avanço e uma discussão mais ampla envolvendo percepção e a análise psíquica de cada indivíduo – como vimos nas definições e exemplos de seus criadores. Ambas as empresas que apostam nesse novo sistema abraçaram a tecnologia como o caminho para a excelência e têm claro que a educação das novas gerações será uma mudança total de paradigmas. Ferreira a resume assim: “É uma loucura ter o mesmo tipo de aprendizado para todos os indivíduos. Até agora a raça humana não podia fazê-lo melhor. Agora, sim, já podemos fazê-lo”.

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