Hoje é dia: 19 de maio, 2024

PIB: Economia brasileira deve ficar próxima da estabilidade no segundo trimestre

Após um crescimento da economia brasileira acima do esperado no primeiro trimestre com impulso do agronegócio, a expectativa é de que tenha havido uma moderação nos meses seguintes. Economistas consultados pelo Investing.com Brasil estimam uma variação do Produto Interno Bruto (PIB) positiva, mas bem próxima da estabilidade.

A média das estimativas consensuais compiladas pelo Calendário Econômico do Investing.com é de um acréscimo trimestral de 0,3%. Os dados serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, 01 de setembro. Nos primeiros três meses deste ano, o PIB cresceu 1,9%.

Roberto Ivo, economista e professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), espera em um patamar ao redor de 0% e 0,2% em termos reais. O docente explica que alguns indicadores antecedentes mostraram baixo crescimento, como a produção industrial mensal e a pesquisa mensal de serviços do próprio IBGE.

“A agropecuária deverá sofrer uma desaceleração abaixo do visto no primeiro trimestre de 2023, quando atingiu 18,8%. No acumulado do ano, ou a soma dos dois trimestres, o PIB deverá apresentar um crescimento de 2,9% contra o mesmo período do ano passado, já com ajuste sazonal e também em valores reais”, detalha Ivo, que considera, pelo lado oferta, um desaquecimento econômico.

“Pela ótica da demanda, o consumo das famílias ainda deve dar o tom, porém considerando o endividamento ainda da população e taxa de juros ainda em níveis elevados, espera-se estabilidade. Isso também será visto com investimentos (os quais exigem maturação no tempo) e gasto pífio do governo”, completa Ivo, que indica como variável que deve ainda sustentar a demanda agregada a balança comercial, a diferença entre exportações e importações. Devido à taxa de câmbio e elevação de preço das commodities, o momento foi favorável para exportadores, otimizando as rendas.

Alexandre Lohmann, economista chefe da Constância Investimentos, estima 0,2% no segundo trimestre. Para 2023, a projeção é de alta de 2,5%. “O dado está muito dependente da incerteza e em torno do agronegócio. Houve um primeiro trimestre bem forte, e dependendo da força, vai afetar no indicador. Acompanhando o IBC-Br, houve um desempenho relativamente melhor do que o esperado”, avalia.

A taxa de juros tende a desaquecer consumo das famílias e investimentos das empresas, completa o economista. Mas, conforme as pesquisas de vendas no comércio varejista, não ocorreu uma diminuição tão relevante a ponto de levar a economia a uma retração, apenas uma desaceleração, um “pouso suave”. “Não estamos com forte queda nem do consumo nem da produção industrial por causa do aperto de juros”, acredita. Para o segundo semestre, apesar de cortar juros agora, a economia ainda vai viver efeitos do aperto monetário e a flexibilização só vai impulsionar mais os dados a partir de pelo menos dois trimestres a partir de agoira, quando empresas começarão a sentir os efeitos, em sua visão.

Marcela Rocha, economista chefe da Principal Claritas, também aguarda uma desaceleração, com PIB expandindo 0,2%, diante do arrefecimento da agropecuária. Para o ano, a projeção do PIB é de 2,4%, mas pode haver revisões. Rocha elenca como propulsores do trimestre o crescimento do consumo das famílias e do investimento, interrompendo sequências de contração. “Mesmo que o cenário externo contribua negativamente, a demanda doméstica deve subir e isso é positivo, porque a inflação desacelerou, o mercado de trabalho segue robusto, com criação de vagas, salários, e melhora das condições financeiras e menor incerteza política”, destaca.

Ainda, entre os fatores positivos, estão a retomada do crescimento da indústria, puxada pela transformação e construção civil, assim como a resiliência do setor de serviços. “A indústria ainda não é beneficiada pela queda nos juros, mas pelo ambiente de negócios mais propício e menos nebuloso do que nos últimos trimestres. Os serviços foram beneficiados pelo mercado de trabalho forte, com confiança das famílias subindo.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, concorda com a expectativa de um crescimento moderado, principalmente a partir do segundo semestre deste ano. “Estamos em um quadro um pouco mais favorável na economia interna, com questões fiscais sendo tratadas e reformas sendo analisadas no Congresso, o que gera um ambiente de negócios mais otimista e possibilita retomada de investimentos e consumo com dívidas de mais médio e longo prazo, apesar da inadimplência”.

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